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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Tentação real

Meditação de C.S. Lewis
COMO você deve se lembrar, eu disse que o primeiro passo rumo à humildade é perceber-se orgulhoso. Gostaria de acrescentar a isso agora que o próximo passo é empreender alguma tentativa séria de praticar as virtudes cristãs. Uma semana só não basta. Na primeira semana as coisas costumam parecer fáceis. Tente seis semanas seguidas. A essa altura, depois que tiver uma recaída ou que cair mais fundo do que o ponto de onde tiver partido, descobrirá algumas verdades sobre você mesmo. Ninguém tem consciência da sua própria maldade, enquanto não empenhar todos os esforços para ser bom. Há uma idéia tola circulando por aí de que as pessoas bondosas não conhecem o significado da tentação. Isso não passa de uma mentira deslavada. Só os que tentam resistir à tentação conhecem a sua força de fato. Nós mesmos só conseguimos nos dar conta da força do exército alemão lutando contra ele, e não quando nos entregamos. Você só poderá descobrir a força de uma ventania, se andar contra ela, mas não fará idéia dela se deitar-se no chão. Uma pessoa que se rende à tentação depois de cinco minutos, simplesmente, não saberá como se sentiria uma hora mais tarde. Eis a razão por que pessoas más, em certo sentido, não entendem muito da maldade. Elas vivem uma vida resguardada, rendendo-se sempre. Nós jamais descobriremos a força do mal que há dentro de nós, enquanto não tentarmos lutar contra ele; e Cristo, pelo fato de ter sido o único homem que nunca se rendeu diante da tentação, é, ao mesmo tempo, o único homem que conhece profundamente o que significa ser tentado – ele é o único realista absoluto.
– de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples] 1914 Lewis (aos 15 anos de idade) dá início às suas aulas particulares com William T. Kirkpatrick, em Great Bookham, Surrey, que duram até março de 1917. Kirkpatrick viria a se tornar o professor de maior influência sobre a sua formação.

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