Na língua hebraica, Páscoa é pesach, que significa passagem ou passar por cima. Era celebrada com a morte de um cordeiro no mês de Abibe (Êxodo 13:4). Abibe significa espigas verdes e corresponde ao primeiro mês do calendário hebraico. Quando Israel estava exilado, este nome foi mudado para Nisã, nome babilônico que significa começo. Abibe ou Nisã para nós corresponde a março-abril.
Páscoa significa libertação. Ela surgiu como uma festa que anunciava o fim do cativeiro opressor do Egito sobre o povo hebreu. Em realidade, o povo hebraico foi liberto não só da opressão do Faraó egípcio, mas também do anjo Destruidor. Lemos em Êxodo 12:23: Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e nas ombreiras, passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir. O povo de Israel experimentou duas libertações, a espiritual e a física. Deus ordenou que o sangue do cordeiro fosse aspergido sobre as obreiras e as vergas das casas israelitas. Se não houvesse a marca do sangue na porta, a conseqüência seria a morte do primogênito. O livro de Êxodo 12:13 esclarece: O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito.
Daquela data em diante, a Páscoa se tornou uma ordenança para o povo hebreu. Guardai, pois, isto por estatuto para vós outros e para os vossos filhos, para sempre. Quando os filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou. Êxodo 12:24; 26 e 27.
Havia todo um cuidado na escolha do cordeiro que ia ser sacrificado. Devia ser um animal de características especiais. O cordeiro não podia ter deficiência alguma. Tinha que ser o melhor de todo o redil. O sacerdote o examinava minuciosamente antes de seu sacrifício. O livro de Êxodo 12:5a atesta: O cordeiro será sem defeito, macho de um ano. O animal devia ser sem mancha e imaculado. A lei determinava que o animal ofertado não podia ter defeitos: Porém, havendo nele algum defeito, se for coxo, ou cego, ou tiver outro defeito grave, não o sacrificarás ao Senhor, teu Deus. Deuteronômio 15:21.
Para nós cristãos, a Páscoa tem um profundo significado, porque representa a obra que Cristo realizou para nos libertar. Segundo as Escrituras sagradas, as festas eram apenas "sombras das coisas futuras". Está registrado em Colossenses 2:16-17: Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. A festa da Páscoa apontava para a futura encarnação do Senhor Jesus. Esta comemoração era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no Calvário.
Há algumas similaridades entre o cordeiro da Páscoa e Cristo, a nossa Páscoa. Já vimos que o sacerdote examinava cuidadosamente o cordeiro que ia ser ofertado; este sacrifício acontecia no dia 14 de Abibe - abril - (Êxodo 12:6). Os evangelhos registram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes de sua crucificação, e esta entrada se deu exatamente no momento em que o povo estava trazendo os seus cordeiros pascoais para que os sacerdotes os examinassem. O cordeiro era submetido a um rigoroso exame pelo sacerdote antes de ser apresentado para o sacrifício. Observemos o Escrito sagrado: Nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus. Hebreus 7:26.
O texto acima nos mostra que o Senhor Jesus tinha que ser declarado totalmente imaculado. As Escrituras registram o modo pelo qual o Senhor Jesus foi examinado. No livro de Mateus 22:15-46, encontramos Jesus, o Cordeiro de Deus, sendo minuciosamente investigado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus, e nenhum deles conseguiu achar no Senhor qualquer defeito que o incriminasse. Os textos a seguir mostram o atestado de perfeição do Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus: Ouvindo isto, se admiraram e, deixando-o, foram-se. Ouvindo isto, as multidões se maravilhavam da sua doutrina. E ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas. Mateus 22:22; 33 e 46.
Não somente os judeus testificaram que Jesus era perfeito, mas também a autoridade civil que representava Roma não viu no Cordeiro de Deus nenhuma mácula. Lemos em João 19:4: Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Por três vezes Pilatos declarou a inocência do Salvador. Jesus, o Deus encarnado, era o perfeito Cordeiro que seria sacrificado por indignos pecadores. No evangelho de João 1:29 constatamos o testemunho de João Batista: No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
O cordeiro pascal aponta com clareza para o Senhor Jesus Cristo, pois em vários lugares as Escrituras sagradas confirmam: Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal foi imolado. 1 Coríntios 5:7b; Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. 1 Pedro 1:18-20; E, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! João 1:36; Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Isaias 53:7.
Assim como Deus usou o cordeiro pascal a fim de livrar os filhos de Israel no passado, da mesma forma agora Ele usa o Senhor Jesus, o nosso Cordeiro pascal, para nos salvar. Assim como os filhos de Israel foram salvos pelo cordeiro, também somos hoje salvos pelo Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus. Os filhos dos hebreus não foram salvos porque neles havia algum mérito, mas porque o sangue do cordeiro tinha sido aspergido na verga e nas ombreiras de suas casas. Da mesma maneira a nossa salvação é fundamentada no derramamento do sangue do Cordeiro de Deus, e não em nossas boas obras.
O Senhor Jesus foi levado à cruz em conseqüência de nossos pecados. Foi a nossa maldade que levou a Cristo para aquela morte tão cruenta. Eis o diagnóstico bíblico a respeito do homem: Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. Romanos 3:23. Watchman Nee, tratando sobre a Páscoa explica: Assim como os filhos de Israel não tinham outro meio de livramento a não ser pela confiança no sangue do cordeiro pascal, nós também não temos salvação a não ser pela confiança no precioso sangue do Cordeiro de Deus.
O Senhor Jesus realizou uma obra perfeita na cruz, e o profeta maior descreve detalhadamente, o que o Messias de Deus sofreu, para que nós pecadores, pudéssemos ser salvos: Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53: 4-5.
Somente pelo sangue de Cristo que foi vertido na cruz, temos a nossa total justificação diante de Deus. Quando confiamos plenamente na eficácia do sacrifício do Cordeiro de Deus, desfrutamos da graciosa libertação da condenação do nosso pecado. Você crê que Cristo é o Cordeiro de Deus? Somos salvos inteiramente pela graça. O livro de Efésios 2:8 aponta: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é Dom de Deus. O Cordeiro sem mancha e imaculado é Jesus! O pão que não tem impureza é o corpo de Jesus! O único sangue que purifica, que liberta e salva é o sangue de Jesus! Jesus é a verdadeira Páscoa! Louvado seja Jesus Cristo, o cordeiro de Deus, a nossa Páscoa!
Semeador
Shalom.