Durante minha viagem pela
Grã-Bretanha, para minha leitura matinal, levei comigo The Journal of John Wesley [O diário de John Wesley], um relato do
dia a dia do incansável evangelizador. Ocorreu que, certas manhãs, eu lia sobre
a visita de Wesley a uma cidade que eu iria visitar na noite do mesmo dia.
Ah, mas que diferença! Eu viajava
num carro confortável de uma cidade a outra e falava em eventos noturnos
perante plateias amistosas que pagavam ingressos. John Wesley andava a cavalo,
enfrentando chuva e neve, discursava quatro ou cinco vezes por dia diante de
multidões enormes em campos abertos e enfrentava adversários enfurecidos.
Terminei a leitura impressionado com
a resistência física de Wesley, seu austero estilo de vida e sua devoção
absoluta aos grupos de fiéis que surgiam por toda a Grã – Bretanha. Em
contrapartida, não pude deixar de notar a falta de apreciação do autor pelas
belezas que o cercavam e pelas riquezas culturais. Fixando um jardim florido,
ele rapidamente objetivava: “Nada pode
deleitar para sempre, a não ser o conhecimento e o amor de Deus”. Ele
visitou uma das grandes casas históricas da Inglaterra e observou: “Como será
breve o tempo até que esta própria casa, melhor, a terra inteira, termine
destruída pelo fogo!”.
Como vamos apreciar esta vida e suas
dádivas de arte, beleza, música e amor, mesmo enquanto servimos aos pobres e
armazenamos tesouros para o reino?
Wesley certa vez enunciou o perigo
da riqueza:
Não vejo como possível, na natureza
das coisas, que qualquer reavivamento religioso continue por muito tempo. Pois
a religião deve produzir necessariamente indústria e frugalidade, e essas
coisas só podem produzir riqueza. Mas, á medida que a riqueza aumenta, também
aumenta o orgulho, a ira e o amor pelas coisas mundanas em todas as suas
ramificações.
Eu soube que, a continuarem as
tendências atuais, não haverá mais metodismo na Inglaterra dentro de trinta
anos. Meus pensamentos se voltaram para o meu país, o mais rico do mundo e, no
entanto, pelo menos por agora, um dos mais religiosos. Que aprenderão os
historiadores sobre a atual igreja americana daqui a duzentos anos? Uma citação
de G. K. Chesterton me vem á mente: “É sempre fácil cair: há um número infinito
de ângulo que levam alguém a cair, mas apenas um que o mantém de pé”.