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sábado, 18 de julho de 2015

Alguns apontamentos que vou usar no culto amanhã

Pensamentos sobre os milagres

Milagres
Philip Yancey

Gastei grande parte da minha vida adulta resolvendo as questões que surgiram durante minha juventude. A oração, descobri, não funciona como uma máquina de vender: insira o pedido, receba a resposta. Os milagres são exatamente isso, milagres, não coisas comuns na experiência diária. Minha visão de Jesus também mudou. Conforme agora reflito sobre sua vida, os milagres desempenham um papel menos proeminente do que eu imaginava quando criança. Ele não era Super-Homem. Jesus reconheceu logo que a empolgação gerada pelos milagres não se convertia rapidamente em fé transformadora.

A reação a muitos milagres que Jesus fez nos evangelhos, contém um notável princípio de fé: embora a fé possa produzir milagres, milagres não produzem necessariamente a fé.

Jesus nunca encontrou enfermidade que não pudesse curar, defeito de nascença que não pudesse reverter, demônio que não pudesse exorcizar. Mas encontrou céticos que não pôde convencer e pecadores que não pôde converter. O perdão de pecados exige um ato de vontade da parte de quem recebe, e alguns que ouviram as palavras mais incisivas de Jesus sobre graça e perdão afastaram-se sem arrependimento.

Jesus sabia que a disfunção espiritual tem um efeito mais devastador do que qualquer enfermidade física. Toda pessoa curada um dia morre. E então, o que acontece? Ele não viera principalmente para curar as células do mundo, mas curar as almas das pessoas.


Com que facilidade nós, os que vivemos em corpos materiais, desvalorizamos o mundo espiritual! Ocorre-me que, embora Jesus gastasse mais tempo em questões como a hipocrisia, o legalismo e o orgulho, não conheço nenhum ministério de TV dedicado a curar esses problemas “espirituais”; mas nas doenças físicas. Antes de eu ficar presunçoso, entretanto, é bom lembrar com que facilidade me sinto atormentado pelo mais leve ataque de sofrimento físico, e com que raridade me sinto atormentado pelo pecado.

A multiplicação dos pães para alimentar 5 mil ilustra por que Jesus, como todos os poderes sobrenaturais à sua disposição, demonstrou tal ambivalência para com os milagres. Eles atraíram multidões e aplausos, sim, mas raramente encorajaram o arrependimento e uma fé duradoura. Ele estava trazendo uma mensagem dura de obediência e sacrifício, não um espetáculo de segunda categoria para basbaques e amantes de sensacionalismo.

“Uma geração má e adultera pede um sinal” (Mateus 12.39), Jesus diria quando outra pessoa mais lhe pediu uma exibição dos seus poderes. E em Jerusalém, a capital, embora muitas pessoas vissem os milagres que ele realizou e cressem nele, “Jesus não confiava neles” (Joao 2.24), pois sabia o que havia em seus corações.

Cada cura física apontava de volta para um período no Éden em que os corpos físicos na ficavam cegos, não eram aleijados nem sangravam por doze anos – e também apontava para a frente, para um período de criação por vir. Os milagres que realizou, arrebentando as correntes da enfermidade e da morte como fizeram, dão-me um vislumbre da razão pela qual o mundo foi criado e serve para instilar a esperança em que um dia Deus vai consertar o que está errado. Para não dizer coisa pior, Deus não está mais satisfeito com este mundo do que nós; os milagres de Jesus oferecem uma pista do que Deus pretende fazer a respeito.

Alguns veem os milagres como uma suspensão plausível das leis do universo físico. Como sinais, entretanto, servem exatamente para uma função oposta. A morte, a deterioração, a entropia e a destruição são a verdadeira suspensão das leis de Deus; os milagres são vislumbres precoces da restauração.
Nas palavras de Jurgen Moltmann: “ as curas de Jesus não são milagres sobrenaturais em um mundo natural. São as únicas coisas verdadeiramente naturais em um mundo que não é natural, e sim demoníaco e ferido”.


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