PAGAR O PREÇO OU RECEBER AS DÁDIVAS?
Blaise Pascal, o
célebre cientista e filósofo francês do século 17, experimentou um encontro
pessoal e surpreendente com Deus que mudou sua vida. Aqueles que compareceram
ao seu funeral viram um papel enrugado e gasto em suas roupas, próximo ao seu
coração, aparentemente um lembrete do que ele havia sentido e compreendido na
presença de Deus.
No papel estava
a mensagem escrita por ele: das dez e
meia da noite, até à meia noite e meia – fogo! O Deus de Jesus Cristo, não o de
filósofos e sábios, que pode ser conhecido por meio do Evangelho. Segurança.
Ternura. Paz. Lágrimas de alegria. Amém! Foi o relato do Êxtase de uma
pessoa rendida, durante duas incríveis horas, na presença de Deus.
Certa vez,
estava Jesus orando e quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor,
ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. Lucas
11.1.
Como uma
realidade espiritual, a oração é uma semente que vem do coração de Deus e é
plantada no coração dos Seus filhos, para voltar para Ele. Como disse C. H.
Spurgeon: “As verdadeiras orações são como pombos-correios que encontram seu
caminho com extrema facilidade; elas não podem deixar de ir para o céu, pois é
do céu que procedem; elas estão apenas voltando para o lugar de onde vieram. ”
a oração deve ser uma reação humana à ação divina.
Um dos
ministérios mais difíceis, no reino de Deus, é o da oração. Talvez o mais. E,
além do mais, há pouco ou quase nenhum interesse por esse assunto. Jesus tinha
um grupo de 12 apóstolos, mas só um propôs a Ele que os ensinasse a orar. Pouca
gente se percebe motivada a orar, ou quer orar.
Orar não é
fácil. Trata-se de um diálogo de uma pessoa física com uma pessoa metafísica,
isto é, além da física. É a conversa dum ser que vive na esfera tridimensional,
com alguém que está numa outra dimensão, completamente fora da nossa. Como
posso falar com alguém que não vejo, não escuto e não percebo a sua presença
real? Somente pela fé. Alguém que realmente crê na presença invisível do
Espírito Santo. Caso contrário, tal pessoa se achará falando sozinha. Sem
fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele
existe e que recompensa aqueles que o buscam. Hebreus 11.6
Há muita
dificuldade em orar. É mais complicado orar, do que trabalhar. Hoje é muito
mais fácil encontrar um pregador do que um intercessor. Um cantor do que um
adorador secreto. Tudo o que exige o suor e o agito do corpo e da alma é mais
atrativo do que a quietude e confiança na oração, que exige paciência e um
aparente ócio. Falar com as pessoas sobre Deus é uma grande coisa, mas falar a
Deus sobre as pessoas é algo ainda maior. No nosso mundo, o agito da alma é
mais interessante do que a quietude da alma.
Além do mais,
caímos na teia da urgência, negligenciando aquilo que é importante. Vivemos o
tempo todo emaranhados em servir as expectativas alheias do que procurando
aquilo que realmente vai satisfazer os anseios mais profundos do ser humano,
que só se encontra na presença de Deus, nossa origem.
Uma outra
questão no processo da oração é o tempo que investimos no tema. “A maioria dos
problemas dos crentes modernos origina-se do tempo exagerado que passa usando
as mãos e do tempo insuficiente que passa usando os joelhos”, disse muito bem
Ivern Boyett. O pequeno valor que damos à nossa oração torna-se evidente pelo
tempo que dedicamos a ela.
Orar exige muita
concentração. Falar com alguém numa dimensão invisível e imperceptível, sendo
distraído, o tempo todo, por tudo o que é sensorial, requer um nível de atenção
fora de série. Jesus convidou três dos seus discípulos para orar com Ele, mas
vejam o que aconteceu: E, voltando para os discípulos, achou-os
dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Mateus
26.40. ainda bem que naquele tempo não havia “uatizapi”, senão os problemas de
Jesus seriam maiores.
Orar é sempre
uma luta espiritual intensa. Quem ora encontra-se num plano material, embora
trave uma guerra no mundo transcendente, porque a nossa luta não é contra o sangue e
a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
Efésios 6.12. É o combate entre dois mundos: o material e o espiritual. A
igreja que não ora, colabora direto com o Diabo na expansão do seu império
maligno.
Orar não é um
assunto da pessoa natural. Trata-se de um expediente da vida espiritual. Só
atenta às realidades espirituais aquele que tem vida espiritual. O ser natural
pode rezar, repetir palavras e mantras; mas falar com Deus, nunca. A oração é
uma conversa espiritual de um filho de Deus com o seu Pai.
Oração é uma
realidade espiritual movida pela fé, e essa só funciona no mundo invisível. Ora,
ter fé é ter certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e ter
convicção de que uma coisa existe, mesmo quando não a vemos. Hebreus
11.1. Não existe fé nesta dimensão. Nesta, constatamos os fatos sensíveis.
Aquele que crê, fica tão seguro das coisas que estão acontecendo em uma outra
dimensão que não se preocupa com o balançar da cauda dos leões ao seu redor.
Daniel, o servo
de Deus, experimentou novas amizades felinas ao orar com fé. O Rei que o
maltratara pode ter ficado sem dormir, mas não aquele intercessor. O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos
leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante
dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum. (Dn 6.22). Aqui está a lição da serenidade: paz diante de Deus
e das pessoas.
A oração é uma
realidade espiritual manifesta apenas no ser espiritual, que tem a visão
espiritual. Nós não nos concentramos nas coisas que podemos ver, mas nas coisas que
não podemos ver. Pois o que nós podemos ver é temporário, mas o que não podemos
ver é eterno. 2 Coríntios 4.18. A oração é uma visão do invisível.
Não vamos pagar
preço nenhum para orar; mas vamos pagar caro se não orarmos! Não gosto de
ouvir, no meio evangélico, de que temos que pagar algum preço, pois Jesus pagou
um alto preço por nossa redenção, e jamais teremos que
gar alguma coisa
pelas dádivas que Deus nos deu. Não pagamos coisa alguma vivendo em oração, mas
pagaremos caro se não orarmos.
Oração é na
verdade, uma senha para sermos atendidos e recebermos as dádivas dos céus.
Aquele que nasceu de novo deseja a amizade com seu Pai e com seu Filho Jesus
Cristo. Além do mais, perde quem não ora, pois muito do seu trabalho seria
facilitado, com menos esforço e com mais produtividade. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graças. Filipenses
4.6
As reuniões de
oração são termômetros da vida espiritual da igreja. Nenhuma igreja é maior do
que suas reuniões de oração. Todos nós devemos orar em nosso lugar secreto, mas
se nós não orarmos juntos, como igreja, não somos uma igreja de verdade.
A igreja de
Jerusalém tinha o hábito de orar em comunhão congregacional, e, ao orar, o
Senhor se manifestava. Vejam essa ocasião, quando oraram pelos apóstolos que
foram presos: tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram
cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.
Atos 4.31. Assim como o fogo precisa de mais combustível para queimar com mais
força e vigor, assim a igreja precisa de maior ênfase na oração para se tornar
fervorosa.
Todos nós, na
igreja, temos diferentes dons, segundo a medida da graça, mas, como filhos de
Deus, como trigo legítimo, temos todos a capacidade espiritual de sermos
intercessores, portanto, todos nós somos vocacionados a participar da vida de
oração na comunidade espiritual.
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