Depois de fazer um levantamento da prática da oração de
Jesus, percebo que seu exemplo responde a uma importante pergunta sobre a
oração: Ela é importante? Quando as dúvidas se insinuam, e me pergunto se a
oração é uma forma santificada de falar comigo mesmo, lembro-me de que o Filho
de Deus, que havia criado tudo com sua palavra e que sustenta tudo o que
existe, sentiu uma necessidade premente de orar. Orou como se a oração fizesse
alguma diferença, como se o tempo dedicado a ela tivesse exatamente a mesma
importância do tempo dedicado a cuidar das pessoas.
Um médico amigo meu, ao saber que eu estava investigando a
oração, disse-me que eu deveria partir de três pressupostos bastante amplos: 1)
Deus existe; 2) Deus é capaz de ouvir nossas orações; 3) Deus se interessa por
nossas orações. “Nenhum dos três pode ser provado ou refutado”, disse ele. “São
afirmações em que se deve acreditar ou não”. Ele está certo, naturalmente,
embora para mim o exemplo de Jesus ofereça uma forte prova em favor do
acreditar. Descartar a oração, concluir que ela não tem importância, significa
ver Jesus como iludido.
Jesus agarrava-se à oração como a uma corda de salvação, pois
ela lhe dava orientação e energia para conhecer a vontade do Pai. Para continuar
crendo no mundo “real” do qual ele vinha, para alimentar a memória da luz
eterna, ele tinha de esforçar-se às vezes a noite inteira ou levantar-se antes
do amanhecer. Até mesmo ele em certas ocasiões perdeu a paciência com o
ambiente terreno (“Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês?”), ás
vezes lutou contra a tentação (“Não ponha à prova o Senhor, os eu Deus”) e às
vezes duvidou (“Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”).
Os céticos questionam a utilidade da oração: se Deus tem um
conhecimento perfeito, que sentido faz? Para perguntas como essas não tenho
resposta melhor do que o exemplo de Jesus, que conhecia mais do que ninguém a
sabedoria do Pai e, mesmo assim, sentia uma forte necessidade de inundar os
céus com pedidos.
Embora Jesus não apresentasse nenhuma prova metafísica da
eficácia da oração, o próprio fato de que ele orava estabelece seu valor.
“Peçam e receberão”, disse abertamente, censurando quem considera o pedido uma
forma “primitiva” de oração. Quando os discípulos fracassaram em sua tentativa
de curar um rapaz aflito, Jesus teve uma explicação muito simples: falta de oração.
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