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sábado, 28 de julho de 2018

ASSENTADOS JUNTAMENTE COM CRISTO



E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez ASSENTAR nas regiões celestiais, em Cristo Jesus... pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé -e isto não vem de vós, é dom de Deus não das obras, para que ninguém se glorie (2:6-9).



Efésios é um livro que trata de fatos relevantes da nossa espiritualidade:

A- A doutrina (capítulos 1 a 3); 1. Nossa posição em Cristo (1:1-3:21);

B. Prática (Capítulos 4 a 6); 2. Nossa vida no mundo (4:1-6:9); 3. Nossa atitude com relação ao inimigo (6:10-24)



Dentre todas as cartas de Paulo, Efésios é aquela em que encontramos as mais elevadas verdades espirituais a respeito da vida cristã. A carta é rica na espiritualidade e ao mesmo tempo, intensamente prática. A primeira meta da carta revela nossa vida em Cristo como sendo vida de união com Ele. A segunda metade da carta nos mostra, em termos práticos, como tal vida celestial deve ser vivida aqui na terra.

Abordaremos alguns princípios que fundamentam seu conteúdo, o coração da carta. Para esse propósito, selecionamos uma palavra-chave de cada uma de suas seções, a fim de expressar o que acreditamos ser sua principal ideia.

Na primeira seção da carta notamos a palavra assentar (2.6), a palavra-chave dessa seção, o segredo da verdadeira experiência cristã.

Na segunda parte, selecionamos a palavra andeis (4.1), a qual exprime nossa vida neste mundo, assunto dessa seção. Somos desafiados aqui a demonstrar nossa conduta cristã, nosso comportamento coerente com tão elevada vocação.

Finalmente, na terceira seção, encontramos a chave de nossa atitude perante nosso inimigo, a qual está contida na palavra firmes (6.11). Assim é que temos, então:

1. Nossa posição em Cristo - assentar (2.6)

2. Nossa vida no mundo - andeis (4.1)

3. Nossa atitude para com o inimigo - firmes (6.11)

A vida do crente sempre apresenta estes três aspectos.



O texto bíblico acima revela o segredo de uma vida espiritual.  A vida cristã não começa com o andar; começa com o assentar. Podemos dizer que o crente inicia sua vida cristã "em Cristo", isto é, quando pela fé ele se vê assentado ao lado de Cristo no céu.

A maioria dos crentes comete o erro de tentar andar para tornar-se capaz de assentar-se, o que contraria a ordem dos fatos. Nosso raciocínio natural nos pergunta: se não andamos, de que modo vamos atingir o alvo? Que é que vamos conseguir sem esforço? Como chegaremos a qualquer destino se não nos movemos? Todavia, a vida cristã é engraçada! Se logo de início tentamos fazer alguma coisa, nada obtemos; se procuramos atingir algo, perdemos tudo. É que o cristianismo não começa com um grande FAÇA, mas com um grandioso JÁ FOI FEITO. Assim é que Efésios se inicia com a declaração de que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (1.3), e somos convidados, logo de início, a assentar-nos e usufruir de tudo quanto Deus já fez por nós.

O ser humano vem de um caso perdido. Já nasce em pecado, devendo para Deus, com um sofrível estado de criminalidade moral e espiritual. Em pouco tempo descobrimos nosso estado catastrófico e nos acostumamos com ele. Para sair disso, somos chamados a mudar de vida, mas tal pedido se torna loucura, pois luta contra a natureza humana caída. Então o jeito é se acostumar com a ideia de inferno ou passar a vida lutando contra a culpa e o estado de débito constante que a religião oferece. Nada mais.



Andar implica esforço, mas Deus nos diz que somos salvos não pelas obras, mas pela sua suficiência. Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. (Efésios 2.8-9). Estamos constantemente falando de "salvação pela fé", mas que queremos dizer com isso? Queremos dizer o seguinte: Que somos salvos quando repousamos em Jesus Cristo. Nada fizemos, absolutamente, para salvar-nos a nós mesmos; apenas depositamos no Senhor o fardo de nossas almas sobrecarregadas do pecado.

Iniciamos nossa vida cristã, não dependendo de nós mesmos, de algo que fazemos, mas na dependência do que Cristo já fez. Enquanto a pessoa não proceder assim, não será uma cristã. Se alguém disser: "Nada posso fazer a fim de salvar-me; mas pela sua graça Deus já fez tudo para mim, em Cristo", terá dado o primeiro passo na vida de fé. A vida cristã, do início até o fim, baseia-se no princípio da nossa total dependência do Senhor Jesus. Não há limite para a graça que Deus deseja derramar sobre nós. Ele quer dar-nos tudo, mas nada poderemos receber, a não ser que descansemos nele. Assentar é uma atitude de descanso.

Que significa de fato assentar-nos? Quando caminhamos ou ficamos de pé, suportamos em nossas pernas todo o peso do nosso corpo, mas quando nos assentamos, todo nosso peso descansa sobre a cadeira, ou o sofá em que nos sentamos. Nós nos cansamos depois de caminhar, ou ficar de pé, mas sentimo-nos repousados se nos sentarmos durante algum tempo. Caminhando ou ficando de pé, despendemos muita energia, mas quando nos sentamos, nós relaxamos completamente, visto que o peso não recai sobre nossos músculos e nervos, mas sobre algo fora de nós mesmos. Assim ocorre também no reino espiritual: assentarmo-nos equivale a depositar nosso peso total — a nossa pessoa, nosso futuro, nossas aflições, tudo — sobre o Senhor. Deixamos que Ele assuma a responsabilidade e descansamos; deixamos de carregar aquele fardo.



Essa foi a norma de Deus, desde o início. Na criação, Deus trabalhou desde o primeiro dia até o sexto, e descansou no sétimo. Podemos dizer, sem faltar à verdade, que o Senhor trabalhou, esteve muito ocupado, durante aqueles primeiros seis dias. A seguir, tendo terminado a obra, Ele parou de trabalhar. O sétimo dia tornou-se o dia de descanso do Senhor; foi o repouso do Senhor.

Mas que diremos de Adão? Qual teria sido sua posição em relação ao descanso de Deus? Ficamos sabendo que Adão foi criado no sexto dia. Fica bem claro, então, que Adão nada teve que ver com os primeiros seis dias de trabalho, visto que ele só veio a existir no fim da obra. O sétimo dia de Deus foi, na verdade, o primeiro dia de Adão. Deus trabalhou seis dias e depois disso usufruiu seu descanso. Adão iniciou sua vida com o descanso; Deus trabalhou antes de descansar, mas o ser humano precisa primeiro entrar no descanso de Deus, e só depois disso é que pode trabalhar.



Além do mais, só porque a obra de Deus na criação estava terminada é que a vida de Adão poderia iniciar-se com o repouso. E aqui temos o evangelho: Deus caminhou um pouco mais e completou também a obra de redenção, e nós nada podemos (nem precisamos) fazer para merecê-la, mas podemos pela fé receber as bênçãos de sua obra terminada.



É claro que sabemos que entre esses dois fatos históricos, entre o repouso de Deus na criação e o repouso de Deus na redenção, está toda a história trágica do pecado e julgamento de Adão, e do labor incessante e improdutivo do homem, e da vinda do Filho de Deus, com o objetivo de trabalhar duramente e entregar-se por nós, até que nossa posição perdida fosse recuperada.

Jesus também trabalhou na obra de redenção assim como o Pai havia feito na criação. Mas Jesus lhes disse: — Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5.17), explicou o Senhor, durante seu ministério. Só depois de pago o preço da expiação, poderia Jesus dizer: "Está consumado". O cristianismo na verdade significa que Deus fez tudo em Cristo, e que nós apenas penetramos nessa realidade para usufruí-la, mediante a fé. A vontade do Senhor é que nos vejamos "assentados" juntamente com Cristo, descansados na Sua obra.

A Bíblia deseja que compreendamos que Deus, pelo seu infinito poder, primeiro fez a Cristo sentar-se à sua direita nos céus: Ele exerceu esse poder em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nas regiões celestiais, (1.20) e, depois, pela sua graça, nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus: e juntamente com ele nos ressuscitou e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus. (2.6). A primeira lição que devemos aprender, portanto, é esta: Que o trabalho não é inicialmente nosso, mas do Senhor. Não se trata de nós trabalharmos para Deus, mas de Deus trabalhar para nós. Deus nos a posição de repouso. Ele nos traz a obra terminada de seu Filho e nos apresenta, dizendo: "Por favor, sente-se".



A partir deste ponto, a experiência cristã continua da forma como iniciou, não com base em nosso próprio trabalho, mas sempre baseada na obra concluída de Cristo. Todas as novas experiências espirituais se iniciam com a aceitação pela fé da obra realizada por Deus — se você preferir, com um novo "assentar-se". Este é um princípio da vida, algo que o próprio Deus determinou; e do princípio ao fim, cada estágio sucessivo da vida cristã obedece ao mesmo princípio estipulado por Ele.



Efésios estabelece a realidade. Esta começa em Jesus Cristo, e com o fato de que Deus nos escolheu nele antes da fundação do mundo Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. (1.4). Quando o Espírito Santo nos revela Cristo e nós cremos nele, imediatamente, sem que haja necessidade de qualquer ato de nossa parte, inicia-se uma vida de união com o Senhor.

Mas se todas essas coisas se tornam nossas apenas pela fé, que diremos a respeito da questão importantíssima e muito prática de nossa santificação? De que forma podemos conhecer a libertação real, agora, da escravidão do Pecado? De que modo o "velho homem", que nos perseguiu e nos perturbou durante tantos anos pode ser "crucificado", deslocado e descartado?

Novamente descobrimos que o segredo não está em andar, mas em assentar-nos; não em fazer algo, mas em descansar em algo que já foi feito. "Estamos mortos para o pecado". "Fomos batizados na sua morte". "Fomos sepultados com ele". [Deus] "nos ressuscitou juntamente com Cristo" (Romanos 6.2,3,4; Efésios 2.5). Todos esses acontecimentos estão descritos no passado. Por quê? Porque o Senhor Jesus foi crucificado há mais de 2.000 anos, e eu fui crucificado com ele. Eis o grandioso fato histórico de um pretérito perfeito. A experiência de Cristo tornou-se minha história espiritual, e Deus pode referir-se a mim como tendo eu já todas as coisas "nele".

Tudo quanto eu tenho agora, eu o tenho "em Cristo". Nas Escrituras nós nunca encontramos estes fatos descritos no futuro, e tampouco como sendo desejadas no presente. São fatos históricos de Cristo, e nós, os que cremos, penetramos neles pela fé. "Com Cristo" — crucificados, mortos, ressurretos, assentados nas regiões celestiais.



Como podem essas coisas todas ser assim? Que milagre é esse? Não podemos explicá-lo. Devemos recebê-lo da parte de Deus como algo que o Senhor mesmo fez. Nós não nascemos com Cristo, mas fomos crucificados com ele. Portanto, nossa união com Cristo teve início em sua morte. Deus nos incluiu em Cristo, na morte de cruz. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Gálatas 2.19-20. Mas como posso ter certeza de que estou "em Cristo"? Posso ter certeza porque a Bíblia afirma que assim é, e que foi Deus quem me pôs nele. Trata-se de algo realizado por Deus, para ser visto, crido, aceito e usufruído por nós, e fim de papo.

Para você ter uma vida espiritual autêntica e com poder para vive-la, primeiro descanse na obra consumada do Senhor Jesus. Depois se levante e vá na força do Seu poder. Não somos chamados para viver na inércia, sem servir com os nossos dons. mas também não fomos salvos para viver uma vida esgotada. O convite de Jesus é sempre: descanse. Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para a sua alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11.28-30.



Pr. Fábio Alcântara

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