Páginas

sexta-feira, 29 de maio de 2020

O excesso de atividades não nos deixa viver



Me lembro que quando era mais jovem eu chegava no escritório onde trabalhava como office boy, aos 12 anos, já tinha o costume de ler os destaques e alguma reportagem que me interessava na Folha de Londrina, depois fazia o café dos meus chefes, com aquele “rabo quente”, datilografava alguns relatórios que minha chefe me pedia. Eu fazia uma coisa de cada vez.

Hoje, como muita gente, me pego perdido em fazer café, ligar o WhatsApp, lembrar de listar as tarefas do dia e ainda ver se tem algum videozinho no YouTube em que eu possa aproveitar alguma coisa. MAS TUDO AO MESMO TEMPO! Que loucura. Qual mente consegue ficar sã por muito tempo num ritmo desses?

Estamos sempre adiantados, graças à velocidade as tarefas se sobrepõem, queremos que nossa mente seja como um computador, mas ela não é feita para essa tarefa. Ninguém que faça várias tarefas ao mesmo tempo conseguirá fixar algum conhecimento com durabilidade. Resultado, teremos uma certa atenção em alguma coisa! Nunca fazendo o que estamos fazendo. Queremos impressionar e não estar à margem da vida, ser como os outros são por isso vivemos como aquele coelho mal humorado e doido correndo atrás dos afazeres, de olho no relógio que o escraviza.

É comum as pessoas não saberem o que fazer com o tempo vago. Ficam tão perdidas que são capazes de passar uma tarde inteira imersa em sua busca por algo que a agrade, sem nada encontrar. Impressionante como nem conseguimos escolher algo na NETFLIX, por exemplo. São tantas opções, tantas séries e filmes que somos capazes de zapear sem parar e nada assistir. Interessante quando você vai para a praia e fica num lugar com uma televisão mixuruca e a única opção é a Sessão da Tarde e consegue assistir. Única opção, mas a gente completa a tarefa de ver o filme série C!

Estamos ligados o tempo todo. Por isso é cada vez maior o número de gente que só dorme à base de remédio. “Os emails e whats fazem sexo a noite, pois você já viu como estão multiplicados no dia seguinte?” Ri muito com essa frase do Leandro Karnal. E não é que tem perturbado que lê a mensagem às duas da manhã quando você envia?! Esses dias por acaso estava sem sono e mandei só pro vivente responder no dia seguinte. E não é que o trem apitou de volta me dando um baita susto!!
Estava com 4 devocionais em casa mais uns 5 no escritório. Lia todos a busca de uma palavra “revelada”. Nada.

7 livros estavam na minha gaveta. Revista Veja estava chegando e a outra ainda estava fechada! Que isso! Como diz Mario Cortella, o que importa é saber o que importa. Conhecimento é diferente de informação. Hoje temos muita informação e nenhuma profundidade.
Eu passo a acreditar, pois não sou nenhum guru e estou duramente aprendendo a domar a minha mente, que se nos dedicarmos a uma coisa por vez, mesmo que por dias a fio, seremos mais úteis do que querer saber tudo sem entender nada.

Um livro devocional.
Um Livro.
Uma Bíblia de estudo.
Um filme.
Uma série por vez sem procurar outra a não ser que descarte.
Uma bolsa (tipo de mulher) ao invés de uma mochila pesada cheia de serviço pra casa, que na verdade importa mais ao ego do que para as pessoas.
Uma coisa de cada vez. Um bom lema para a vida moderníssima!

Fábio Alcântara

Nenhum comentário: