A CURA PELA CRUZ
Carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. 1Pedro 2:24.
O mundo é um grande
hospital e a humanidade uma multidão de enfermos e doentes. A estatística neste
caso é precisa: o gênero humano encontra-se todo contaminado e profundamente
insalubre. Não há ninguém isento desta epidemia genérica. Por que haveis de ainda ser feridos, visto que
continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo.
Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas,
contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem
amolecidas com óleo. Isaías 1:5-6.
Isto não é apenas uma
estimativa para Israel. Este diagnóstico cobre toda a população da terra. Somos
uma raça moribunda. Em conseqüência do pecado, o espírito ficou separado de
Deus, a alma tornou-se penalizada e enferma, e o corpo sujeito às doenças e indisposições.
Há uma certa correlação de causa e efeito: o espírito abatido vem enfermar a
alma, que acaba adoecendo o corpo. O abatimento é espiritual, a enfermidade é
psíquica e a doença é física. O
espírito do homem o sustenta na enfermidade, mas o espírito abatido quem o
suportará? Provérbios 18:14.
Tudo começa no íntimo
do espírito. O espírito é o coração do ser humano. Quando o coração encontra-se
independente de Deus, um grande vazio toma conta da alma e, conseqüentemente, o
corpo termina sofrendo os achaques psicossomáticos. Por isso, a Bíblia sustenta
a necessidade prioritária de um cuidado essencial com o coração. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu
coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23. A
vida sempre procede do
coração. F. W. Foerster salienta, em uma de suas páginas, que certa vez,
perguntaram a De Maistre se ele sabia como era o coração de um homem mau. O
educador respondeu: Não sei, mas
sei como é o de um homem bom – é horrível!
O homem natural é um
ser espiritualmente separado de Deus, psicologicamente transtornado pelos
efeitos arrogantes do pecado e sujeito a todos os males causados pelas
moléstias que se manifestam no seu corpo. As doenças são, freqüentemente,
resultantes dos desequilíbrios emocionais e estes, por sua vez, são
conseqüências da morte espiritual. A dor é, quase sempre, fruto das
enfermidades e estas, com efeito, provêem do pecado. J. Blanchard afirma: Toda enfermidade
é, em última análise, resultado do pecado, mas nem sempre decorre diretamente
dele. O rei Salomão, por revelação do
Espírito, precisou muito bem o foco do problema: O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido
faz secar os ossos. Provérbios 17:22.
O coração alegre é
aquele que tem experimentado a salvação graciosa de Deus, em Cristo Jesus. O
espírito abatido, por outro lado, causa enfermidades na alma, secando os ossos
e permitindo a instalação das doenças em nossos corpos. Sabemos que a medula
óssea é um dos responsáveis pela fabricação dos elementos de defesa do nosso
organismo. Quando o sistema imunológico é afetado pelos efeitos universais do
pecado na raça humana, sofremos profundamente com as doenças resultantes de
nosso enfraquecimento.
A regeneração
espiritual é a primeira providência divina para a restauração da espécie
humana. Se o pecado nos separou de Deus, causando um estrago irremediável do
ponto de vista do homem, só Deus pode nos salvar verdadeiramente deste estado
de separação. Por isso, a cruz se tornou o centro cirúrgico da maior operação
já realizada. H. C. Trumbull disse que, o Calvário mostra como os homens podem ir longe no pecado, e como Deus
pode ir longe para salvá-los.
A crucificação de
Cristo e a nossa crucificação juntamente com Cristo se tornam a medida
prioritária para a recuperação plena do ser humano. Somente os justificados
pela cruz podem ser vivificados pela ressurreição. Somente os regenerados pela
graça podem ser verdadeiramente curados de suas enfermidades psíquicas através
dos efeitos permanentes da cruz.
A doutrina da salvação
do homem pode ser vista em três fases distintas: a vivificação do espírito,
promovida pelo sacrifício vicário do Cordeiro de Deus e sua ressurreição; a
santificação da alma, patrocinada pelo Espírito através da vida poderosa de
Cristo, e a glorificação do corpo, determinada pela ressurreição dos santos e
transformação dos vivos, e seu arrebatamento. As três etapas falam da salvação
em três tempos: fomos salvos da condenação do pecado pela vitória de Cristo;
estamos sendo salvos do poder do pecado pela vida de Cristo, e seremos salvos
da presença do pecado pela vinda de Cristo.
Fomos vivificados em
nosso espírito, estamos sendo santificados em nossa alma e seremos glorificados
em nosso corpo. Por isso, só os regenerados pelas misericórdias de Deus podem
ser realmente curados, pela graça de Cristo, de todas as suas enfermidades. A
cruz que sacrificou a Cristo Jesus deixou as feridas que saram as enfermidades. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e
moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele,
e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53:5. Temos aqui a garantia bíblica da cura de nossas
enfermidades. Muita gente que se encontra doente em seus corpos sofre de
grandes enfermidades em suas almas.S. I. McMillen afirma que, a ciência médica reconhece que emoções como medo, tristeza, inveja,
ressentimento e ódio são responsáveis pela maioria de nossas doenças. Os
cálculos variam de 60% a quase 100%.
As doenças são quase
sempre resultantes das enfermidades. O corpo sofre os efeitos da alma. Uma
mente ansiosa ou amargurada termina detonando o organismo. Emoções distorcidas
acabam deformando o corpo. Por isso, os antigos latinos costumavam dizer: mens sana in corpore sano (mente sã num corpo são). A regeneração do espírito é
um ato soberano da graça de Deus, mas a cura da alma é um processo gracioso das
pisaduras de Jesus.
Quando contemplamos,
pela Palavra, os efeitos poderosos do Calvário, somos atingidos em cheio no
cerne de nossos problemas. O método de Deus para a cura de nossas almas se
revela no íntimo, pela eficácia de Cristo crucificado. A cura interior só
acontece de verdade quando consideramos a cruz em nosso interior como o
instrumento que mata o ódio, a amargura, a vingança, a inveja, o medo e todos
os sentimentos enfermiços da alma.
O Evangelho é
efetivamente uma boa notícia. É o anúncio de um Deus gracioso que se interessa
profundamente por um homem abatido, enfermo e doente. Deus se tornou gente por
se importar com a gente que sofre com o agente da dor. Jesus Cristo é o Deus de
toda a graça que regenera o pecador, santifica o regenerado, cura o santo
enfermo, sara o enfermo são e restaura o homem totalmente, pelas suas
pisaduras. Não estamos sustentando o curandeirismo, nem tampouco que Deus deva curar
todas as nossas doenças, mas que a verdadeira cura está no poder de Cristo
crucificado. Como Spurgeon, arrisco-me a dizer que a maior bênção terrena que Deus pode dar a cada um de
nós é a saúde, com exceção da doença. Esta, muitas vezes, tem sido mais útil
aos santos do que a saúde. Creio,
como Abraham Wright, que eu
posso ser abençoado por minhas doenças, enriquecido por minha pobreza e
fortalecido por minha fraqueza. Mesmo
assim, creio que o objetivo final da salvação é um homem consagrado no seu
espírito, santificado em sua alma e saudável no seu corpo. Por isso, Cristo
realizou uma salvação perfeita.
Era desprezado e o
mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer...
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas... Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a
fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião
oportuna. Isaías 53:3a e Hebreus 4:15a-16.
Ministerio Palavra da Cruz
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