A verdadeira alegria não denota ausência de tribulações, mas a presença daquele que tem o poder de converter nuvens escuras em chuva benfazeja regando a terra seca. A nossa alegria, portanto, não está em recusar o sofrimento, mas em ver no sofrimento de Cristo o prenúncio de um novo tempo. Henri Nouwen, no seu magnífico livro, Transforma meu pranto em dança, diz: “os esforços que fazemos para nos desconectar de nossos sofrimentos terminam por desconectar nosso sofrimento do sofrimento de Deus por nós”.
Entretanto, na fé cristã, a vida da ressurreição vem sempre depois da sexta-feira da paixão. No cristianismo não há festival de júbilo sem o sepultamento do homem velho. Por conseguinte, o canto fúnebre de uma alma vivente é um sinal de que ainda há vitalidade em Adão. O lamento e a murmuração fazem parte de uma humanidade governada pelos instintos da carne, que precisa urgentemente de um golpe de misericórdia.
A vida que nasce da morte é a razão de uma nova identidade, pois enquanto a raça de Adão procura tragar com queixumes o cálice do vinho velho no banquete, os filhos de Aba saboreiam com alegria as migalhas frias que caem da mesa. A escola dos filhos de Deus não exclui as dores, nem elimina as turbulências para promover um currículo de verdadeiros adoradores. Até se pode dizer que não há adoradores sem torniquetes. Na verdade, a universidade do louvor é uma academia de múltiplos abalos externos e de profundos vulcões internos a fim de promover a esperança contra a esperança e a adoração no espírito.
Um dos objetivos do evangelho é consolar todos os que choram, por isso, Cristo põe sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória. Isaías 61:3.
Shalom.
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