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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Natal, uma inversão de valores

Mas o anjo lhes disse: Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é o Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura. Lucas 2:10-12(NVI).

O Natal é uma inversão completa de valores: Enquanto no pecado o homem ambicionou ser Deus, na salvação dos homens, Deus se tornou homem. O orgulho é a base do pecado, mas a humildade é o fundamento da salvação.

No Jardim do Éden, Adão foi invadido por uma teomania clássica. Ele queria ser Deus e passou este gene para toda a humanidade. O ser humano ficou contagiado de um sentimento elevado de importância, e briga e sofre por ser reconhecido. As guerras e conflitos que marcam a nossa espécie são frutos deste estado egoísta de onipotência reprimida. Queremos ser donos absolutos do nariz. O orgulho, no sentido espiritual, é a atitude de autonomia, de autodeterminação, de independência de Deus.

Mas em Belém, no cocho, entre os animais, vemos Deus como uma criancinha indefesa enrolada em cueiros. Como podemos entender o Senhor do Universo dependendo do ser humano? Não há extravagância maior do que o Criador amamentado pela criatura. O Deus Todo-Poderoso subordinado aos cuidados de servos tão frágeis é algo que desafia nossa compreensão.

O Natal é a comemoração de um paradoxo. Se o homem quer ser Deus, o disparate é Deus se tornar homem. Se o homem cobiça a grandeza, Deus se esvazia de sua absoluta divindade e assume a posição de servo. Se o homem quer ser notabilizado, Deus se humilha até a morte, sem perder nada de sua essência.

Eis a grande lição do Natal para a humanidade: Pois todo o que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado. Lucas 14:11(NVI). Cristo é a encarnação da humilhação de Deus, a fim de receber sobre si a exaltação do orgulho humano. Ele veio à terra em humildade e se humilhou até à morte de cruz, para nos alcançar em nossa soberba. Ele se fez carne e assumiu a nossa causa. Morreu em nosso benefício e incluindo-nos em sua morte, nos fez parceiros da mesma, a fim de ganharmos a nossa morte para esta arrogância insuportável que nos motiva tantos males.
Enquanto os homens se queimam de febre pela grandeza, Deus se aniquila na insignificância, para nos fazer saber o que realmente tem significado. A humildade do Natal comparada com a humilhação da cruz pode ser uma boa reflexão para meros mortais que supõem ostentar a nobreza da divindade.

Shalom!

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